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C12 - Confession



Não acreditava no que os meus olhos amostravam-me. Teria a sonhar?

            - Taru-kun, á quanto tempo.

Não, não estava.

- Meu filho deves lembrar-te de Yuzo-kun, certo?

Como poderia esquecer-me, foi ele quem roubou-me a minha inocência descaradamente. 

- Yuzo-kun é quem vem ver-me regularmente.

Notei que Seiji olhou-o com alguma desconfiança. Em questões de segundo todas as imagem que tivera com ele até mesmo quando fizemos sexo, passaram pela minha mente com uma rapidez incrível. O olhar semicerrado que lançava-me fez-me tremer o corpo todo.

            - Taro, meu filho estás bem? Parece que viste um fantasma? – Preocupada com a minha reacção.

Naquele momento não conseguia emitir nenhum som pelas minhas cordas vocais. Por isso Yuzo-senpai começou aproximar-se com a mão direita até ao meu rosto, comecei a sentir náuseas, mas surpreendentemente Seiji põe-se á minha frente.

            - Não é suposto analisares senhora Yamato. – Num tom serio.

            - Eu apenas pensei que Taro estivesse a sentir-se mal, nada mais. – Olhando-o um pouco serio.

Seiji não sei como agradecer-te.

            - É melhor deixar-mos a tua mãe á vontade, vamos. – Agarrando-me no pulso.

            - Sim.

Pode repara claramente que Yuzo-senpai, não gostou muito da acção de Seiji, fomos até ao terraço, lá o sol ainda aquecia um pouco o ambiente, apesar de sentir uma leve brisa fria no rosto. Olhava para o horizonte sem destino.

            - Afinal quem era aquele, Taro? – Num tom serio.

Mais uma vez hesitei em prosseguir a conversa.

            - Ninguém em especial. – Olhando para o chão.

            - Ninguém em especial, dizes tu. – Aproximando-se de mim. – Então porque que ficas-te apavorado com a presença dele? – Olhando para mim.

Eu simplesmente viro-lhe costas encaminhado-me para a saída do terraço. Nesse instante Seiji agarra-me pelos ombros encostado-me á parede olhando para mim um pouco irritado.

            - Porque és sempre assim? 

Nada disse, apenas olhei para o lado direito com o sobrolho franzindo. 

            - Ele foi alguém que marcou-me, não foi?

Espantei-me um pouco pela pergunta dele.    

            - Não sei do que estás a falar.  – Não encarando-o.  

            - Eu sei bem que estás a mentir.

            - Não, não estou. – Olhando para ele irritado.

Seiji apenas solta-me, um pouco desapontado comigo com as mãos nos bolsos.

            - Como queiras. – Zangado. – Eu vou para casa. – Indo-se embora.

Olhei-o com algum arrependimento pois sabia que o tinha magoado. Eu sei que ele preocupa-se comigo  e agora estraguei todo....com o punho fechado.

            - Seiji espera. – Num tom suplicante. 

Este volta-se para mim com o olhar normal.

            - Sim é verdade foi alguém que marcou-me muito, mas negativamente. – Com certo ódio.

            - Queres ir para algum sitio em especial falar? – Sugerindo.

            - Não pode ser aqui mesmo. 

Sentamo-nos nas escadas do ultimo piso.

            - Eu conheci-o, no meu primeiro ano da secundaria, - Iniciando apertando as minhas mãos. – Naquela altura foi ele quem ajudou a orientar-me na escola, já que não a conhecia. Toyo também nesse ano ficou na minha turma. Admito que naquela altura era um pouco ingénuo de mais. Penso que deixei-me iludir um pouco pelas palavras dele. – Olhando fixamente para as minhas mãos. – Eu juntei-me ao clube kyujutsu por alguma influencia dele talvez. – Pausando. – No dia em que se declarou a mim, sempre pensei que as palavras dele fossem verdadeiras, mas enganei-me ainda namoramos uns dias até ele levar-me para cama. – Franzindo o sobrolho. - Apartir desse dia ele mudou radicalmente de atitude comigo, eu ainda tolerei um pouco, porque ainda gostava dele, mas o que marcou profundamente foi o facto de ele ter-me traído com outro rapaz e ter-me dito que tudo não passava de uma simples aposta. Eu tinha me entregado a ele de corpo e alma. – Olhando para Seiji.

Nesse momento as lágrimas começaram-me a cair do meu rosto abaixo, levantei ficando de costa para Seiji, não queria que ele visse-me assim.

            - Taro, não fiques assim, ele não merece ás tuas lágrimas. – Aproximando-se de mim abraçando-me pelas costas. - Devias guarda-las para quem as merece. – Prolongando o abraço.

            - Seiji... – Limpado os meus olhos, voltando-me para ele.

Seiji  voltou abraçar-me como é caloroso o seu abraço.

            - Eu estarei ao teu lado. – Sussurrando-me ao ouvido. - Vamos ter com a tua mãe? – Olhando-me agora.

            - Sim.

A caminho do a quarto da minha mãe reconheci a voz Toyo, porque ria-se bem alto.

            - Ei Taro!!! Ei Seiji!!! – Cumprimentando-nos.

            - Então sempre vieste. – Sorrindo-me disfarçadamente.

Notei logo a expressão de preocupado de Toyo.

            - Taro, aconteceu alguma coisa?  

            - Não apenas...

            - Tivemos de sair por uns momentos por causa do médico. – Diz Seiji a Toyo.

            - Sim é verdade Yuzo-kun, teve de analisar-me. – Diz a minha mãe inocentemente.

            - Yuzo?! Ele é o seu médico? – Espantado a olhar para minha mãe.

            - Sim, porque perguntas? – Não compreendendo.

            - Não te preocupes Toyo. – Disse.

Entretanto uma enfermeira aviso-nos que a hora das visitas acabara. Todos nos despedimo-nos da minha mãe, Seiji e Toyo deram-lhe as melhoras.

Cá fora eu vinha a frente de Seiji e Toyo apesar de virem calados, ao chegamos a um parque infantil vazio Toyo despede-se de nós com uma certa preocupação. Em casa cada um de nós foi para o quarto. Desde de que saimos do hospital ainda continuava a pensar na presença Yuzo-senpai. O olhar dele, de certo modo mudou, mas tenho as minhas dúvidas que tenha em mudado em relação á sua personalidade. Sentei-me encolhido á beira da cama. Momentos depois Seiji bate á porta do meu quarto.

            - Entra.

            - Então como estás? 

            - Estou be.... mais ou menos. – Com os olhos semicerrados.

            - Não pense mais nisso. – Sentando-se ao meu lado.

            - Seiji, eu apenas estou com receio de que ele faça alguma coisa á minha mãe.

            - De certeza que ele não era capaz disso. – Confiante.

            - Tu não o conheces Seiji ele é bem capaz de todo para atingir os seus fins. – Levantando-me com o punho fechado.

            - Tem calma Taro. Talvez ele tenha mudado.

            - Eu não acredito muito nisso Seiji. – Olhando para ele.

            - Vá anda vamos comer e depois vamos dar uma volta pela cidade para descontrair. – Levantando-se.

            - Combinado. – Dando um pequeno sorriso.

Jantamos sem conversar muito, pensava no que Seiji tinha-me dito, de que Yuzo-senpai poderia ter mudado, mas eu continuava a não acreditar muito nessa hipótese. Após terminar-mos de comer e de lavar a louça, andamos por vários sítios, por parques aonde jovens casais namoravam, visitamos alguns templos locais e até assistimos a um numero de rua.

Eu tentava abstrair-me do meu pensamento de Yuzo-senpai, mas era quase impossível, por vezes olhava para Seiji pergunto-me se ele não estive-se aqui comigo, o que teria acontecido naquele momento em que vi Yuzo-senpai. Continuava a caminhar pela rua iluminada sem tomar muita atenção ás coisas ao meu redor, a única coisa que oiço e que me faz acordar do meu longo pensamento foi o buzinar de um carro e Seiji a chamar-me. Nesse instante sinto algo a puxar-me para traz impedido-me de ser atropelado. 

            - Tem mais cuidado rapaz. – Diz o condutor do veiculo irritado.

Vi os braços de Seiji á minha volta.

            - Queres matar-me de susto, Taro? – Soltando-me. – O que te deu para atravessares assim sem olhar para o sinal?

            - Desculpa-me, é que eu estava a pensar e não me dei conta por onde ia. – Olhando para chão com os olhos semicerrados.

            - Não me digas que ainda estás a pensar naquele tipo?

            - Sim mais ou menos. – Num tom baixo.

Seiji num movimento gentil pega-me pela mão, levando-me por entre as varias casas até chegamos a um velho parque a onde as cores dos objectos já á muito tempo tinham perdido a cor.

            - Que sitio é este? – Olhando á volta intrigado.

            - Descobri, quando vim ao teu encontro do outro dia. – Sorrindo-se.

            - Oh!!!

            - Senta-te no baloiço.

Foi o que fiz, Seiji começa a baloiçar-me repetidamente. A sensação que começou-me a envolver-me era incrível fez-me sair daquele estado pensativo e entristecido para um de felicidade. Retribui um leve sorriso a Seiji.

            - Assim é melhor, gosto ver-te com um sorriso. – Parando o baloiço ficando á minha frente com os olhos semicerrados.

            - Isso porque tens o dom de pôr-me um sorriso nos lábios. – Olhando para ele. – Obrigada Seiji. – Levantando-me do baloiço.

Reparei que o olhar de Seiji ficou profundo como daquela vez em que a prateleira cedeu deixando cair os livros e gato de porcelana.

            - Seiji...

A mão dele passou pelo meu rosto suavemente e como da outra vez o meu coração começou acelerar. Afastei de sua mão rapidamente.

            - Talvez é melhor irmos para casa. – De costas para ele.

Seiji agarra-me o braço impedindo-me de avançar.

            - O que se passa, Seiji? – Olhando-o.

A expressão facial dele ficou um pouco tensa.

            - Taro. – Iniciou. – Não penses mais naquele tipo, ele não merece nada teu. Odeio ver-te a sofre por causa de um tipo daqueles.

            - Seiji. – Espantado.

            - Taro eu... – Hesitante em terminar a frase. - ....gosto de ti.

A única coisa que fiz foi mostra-lhe o  meu espanto a ele. Como é que é? Ele gosta de mim? Não pode ser...   
   
             - Isto é alguma brincadeira Seiji? – Não levando-o muito serio.

            - Não, não é, Taro. – Num tom serio.

E agora o que iria responder-lhe... Não esperava  por esta situação....

            - Seiji talvez seja melhor não continuar-mos, esta conversa. – Um pouco desconfortável.

            - Eu sei que tens receio, mas eu sou diferente dele, dá-me uma oportunidade.
Nunca pensou-me pela cabeça que isto fosse acontecer, comecei a ficar confuso e inseguro ao mesmo tempo. Eu não queria envolver-me com ninguém. A única coisa que queria era sair dali o mais rápido. Nesse instante soltei-me dele com uma certa violência, reparei que a chave de casa da minha mãe tinham caído do meu bolso para o chão, não me preocupei-me em apanha-las, apenas queria correr para o mais longe possível.

            - Taro!!!! Espera!!!! – Chamando-me.- Taro... – Esfregando a cabeça olhando para o chão. – Maldição...  

Não olhei para trás apenas queria sair dali. Corri o mais depressa, até esbarrar-me com alguém.

            - Desculpa. – Um pouco ofegante.

            - Taro? – Uma voz masculina.

Olhei era Toyo que olhava-me com algum espanto.

            - Passou-se alguma coisa?

            - Mais ou menos, achas que posso passar a noite em tua casa? – Num tom baixo.

            - Claro que podes, anda.

A casa de Toyo não mudou nem um bocadinho, da ultima vez que estive aqui e já lá vão uns bons anos, este disse-me que os seus pais tinham ido a casa de uns amigos seus e que voltariam só amanhã sentei-me no sofá da sala enquanto preparava um pouco de chá quente.

            - Afinal, o que aconteceu? – Retirando o gorro da sua cabeça, deixando o  cabelo um pouco em pé, sentando-se no sofá já com os copos de chá poisando á minha frente.

            - Diz-me Toyo achas que devia arriscar numa relação? – Olhando para as minhas mãos.

            - Porque perguntas isso?

            - Por nada é que....

            - Seiji disse-te alguma coisa? – Puxando o assunto dando um golo.

            - Ele... – Um pouco hesitante. – confessou que gosta de mim.

Toyo ficou um pouco pensativo.

            - E tu Taro gostas dele? – Olhando para mim.

A pergunta dele intrigou-me um pouco, pois nunca tinha posto essa possibilidade.

            - Não sei bem, é verdade que gosto da sua companhia. Mas quando ele olha-me com aquele olhar profundo o meu coração por algum motivo começa acelerar. – Dando um golo.

            - Para mim isso quer dizer que sentes algo por ele. – Com o rosto poisado na mão esquerda a olhar para mim, bebendo um pouco de chá.

Será mesmo verdade? Será que sinto algo por Seiji?

            - Não sei bem, não estou cem porcento seguro disso, e de todo não quero magoa-lo.

            - Taro, tu sabes que nem todas as pessoas, são iguais a Yuzo. Pelo o que vi Seiji é totalmente o oposto dele.

            - Eu sei disso, mas não quero que ele sofra por causa das minhas incertezas. Ele talvez ficaria melhor com outra pessoa. – Num tom derrotista.

            - Taro!!! – Dando um murro em cima da mesa entornando o copo do chá. – Como tem a certeza disso? Não podes prender-te para sempre ao passado. – Levantando até há cozinha para buscar um pano. 

            - Mas...

            - Porque é que achas que ele veio contigo a Sapporo? – Limpando a mesa.

            - Por que preocupa-se comigo? 

            - Principalmente, mas também porque gosta de ti, se ele fosse outro achavas mesmo que viria contigo de propósito a Sappora para vir visitar a tua mãe? Claro que não. Ele mandava-te mas é bugiar sem preocupar-se se estarias bem ou não.

            - Percebo a onde queres chegar. – Olhando-o com os olhos semicerrados. – Dando outro golo no chá.

            - Dá uma oportunidade ele e a ti também, para seres feliz. Tu mereces. – Sorrindo-se. – Nós o humanos não fomos feitos para ficar sozinhos.

Comecei aperceber que Toyo apenas queria ver outra vez o meu antigo eu feliz sem estar preocupado com tudo.

            - Bem já está ficar tarde, e manhã tenho que levantar-me cedo para ir trabalhar. – Levantando-se com os copos de chá na mão levando-os para cozinha. Toyo arranjou-me uma cama improvisada bem como emprestou-me roupa para dormir, no seu quarto ainda tinha os mesmos posteres de animes, as mangas que custavam-mos ler juntos.   

            - Ainda tens os posteres.

            - Sim é verdade uma vez fã, fã para sempre. – Rindo-se.

            - Boa noite Toyo.

            - Boa noite Taro. – Voltado costa para mim, aconchegando-se as roupas da cama.

O sono custava-me a vir, de certeza que Seiji estava preocupado comigo. Amanhã falarei com ele com mais calma. De repente lembrei-me que com tudo isto ainda não tinha comprado os presentes de Seiji e Toyo suspirei um pouco desapontado comigo próprio por não ter lembrando-me. Há medida que o tempo passava o sono começou a vir lentamente até acabar por adormecer profundamente.

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