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C03 - Saved


O som irritante do despertador fez-me o favor de me acordar. Levantei-me ainda ensonado, fui á casa de banho lavar o rosto para ver se acordava de vez. A caminho da cozinha senti um silencio invulgar. Será Seiji ainda estava a dormir nem parecia dele. Inspeccionei o sofá mas ninguém estava lá, aliás a cama de Seiji estava arrumada. Será que teve de sair mais cedo. Em cima da mesa estava o meu pequeno-almoço com um pequeno bilhete. Li-o bilhete.

“Taro tive de sair mais cedo por causa do trabalho, espero que tomes o pequeno almoço que preparei-te. ^^ Vemo-mos na faculdade.”  

            - Ele não precisava de me explicar nada. – Com um pouco de desprezo.

Ao acabar de comer preparei-me parar ir para faculdade vesti uma t-shirt vermelha, por cima dela vesti um casaco preto, ao pescoço pôs um fio, vesti os meus jeans azuis escuros favoritos á cintura levei um cinto para segurar os jeans e por fim calcei meus ténis brancos . Na sala de aula Seiji já lá estava, rodeado pelas raparigas, reparei que tinha vestido uma camisa xadrezada de manga curta de cor azul escuro, por baixo dela uma t-shirt branca usava jeans de cor preta num dos pulsos usava umas pequenas pulseiras de cor escura, este reparou em mim e sorriu-se. Desprezei-o, sentando no meu lugar.

A matéria que o professor estava a dar por algum motivo não chamou-me a atenção. Como o tempo custa a passar quando a matéria não é interessante, mas como tudo tem um inicio também tem de ter um fim. Após ao toque fui ao meu cacifo para ir buscar a minha mochila dos treinos. Quando fechei a porta do cacifo Seiji estava encostado aos outros cacifos com as braços cruzados com headfones brancos ao pescoço olhando para mim. A sua presença assustou-me um pouco.

            - Há és tu.

            - Estás pronto para ir para casa? 

            - Hoje não vai dar, tens que ir sozinho.

            - Porque, vais ter treinos? 

Odeio quando as pessoas começam a ser chatas de mais.

            - Sim, vou – Pondo a mochila ao ombro. – Se me dás licença tenho de ir.

            - Ok sendo assim vou me embora. – Pondo os headfones nos ouvidos, com as mãos dentro dos bolsos. 

Os balneários do clube estavam vazios, equipei-me lentamente pois ainda faltava uns minutos para começar. Comecei ouvir vozes masculinas aproximarem-se.

            - Olha, olha quem está aqui.

Olhei em direcção da entrada era o Jiro Issa um rapaz de cabelo curto de cor preta usa sempre gel no cabelo para pô-lo em pé, tem olhos castanhos, hoje vinha de casaco escuro apertado até ao pescoço, não deixando ver o que trazia por baixo, nas suas calças escuras usa sempre uma corrente no lado direito, é o rapaz mais rebelde e intimador da faculdade, vinha acompanhado com seus amigos, ele é o tipo de pessoa que mais odeio, pois usa as outras pessoas como objectos, a personalidade dele é parecida ao de Yuzo-senpai.

            - Hoje viste cedo Taro. – Começando equipar-se. 

Eu desprezei por completo a presença dele encaminhei-me para arena. Ouvi ele a murmura com os amigos quando saí dos balneários. Aos poucos começou aparecer mais colegas.

Começamos por fazer um leve aquecimento até pegar-mos no arco e flechas.  Como sempre fui o melhor atirador no treino, eu sabia que havia colegas que tinham inveja de mim principalmente Jiro ele é muito competitivo não gosta de ficar em segundo lugar em nada, mas eu simplesmente ignoro as provocações dele.

No final do treino o treinador informou-me se continua-se assim poderia entras em competições, essa noticia fez-me feliz.

Nos balneários Jiro estava de tronco nu já com os jens pretos largos vestidos, sentado olhando para mim.    

            - Pensar que és melhor que eu? – Levando-se bruscamente.

            - Porque dizes isso? – Fazendo-me de ignorante.

            - Não te faças de parvo – Aproximando-se de mim. - eu vi muito bem a expressão que fizeste quando falas-te com o treinador.

            - E dai se for... – Olhando-o.

Jiro num movimento brusco encosta-me aos cacifos prendo-me os dois pulso das mãos.
            - O que pensas que estás a fazer? – Irritado. – Solta-me.

Eu bem tentava soltar-me mas era escusado, Jiro tinha uma força incrível.

            - És a primeira pessoa que me faz frente. – Olhando-me. – Sabias?

Como odiava o tom da voz dele. O olhar dele era vazio.

            - Se pensas que me intimidas estás muito enganado, Jiro. – Num tom alto.

Jiro arregalou os olhos com algum espanto sorriu-se com malícia. 

            - Vamos haver o que dizes a isto. 

Agarrou-me com força o queixo com a mão esquerda, beijando-me nos lábios contra a minha vontade, tentei soltar-me mas Jiro aprofundava ainda mais o beijo, até que por desespero dei-lhe um soco com força no rosto dele com o punho direito, fazendo cai para chão, este sorria-se para mim.

            - Desta é que não esperava. - Com a mão no rosto.   

Eu pessoalmente não gosto de violência mas quando é preciso usa-a sem hesitar.

            - O que pretendes com isto? – Disse irritadíssimo. 

Jiro levantou-se ainda com a mão no rosto, o olhar dele metia-me medo era como um olhar de uma cobra. Jiro retira do seu bolso uma navalha de cabo preto, encostei-me aos cacifos apavorado. Será que ele quer matar-me? Penso que não chegaria a tanto ou chegaria

            - Vamos a haver se assim tão corajoso agora. – Sorrindo-se ainda mais com malícia.

Jiro aproximou-se de mim com navalha apontada ao meu pescoço agarrando-me pelo colarinho, o medo paralisava-me o corpo todo, fechei os meus olhos rezando para que isto acaba-se rápido.

Comecei ouvi passos de alguém em direcção aos balneários, seria salvo ou condenado.

            - O que se passa aqui? 

Esta voz, eu abri lentamente os olhos.

            - Seiji!!! – Disse espantado.

 Jiro olha-o com raiva.

            - Não te movas, se o fizeres corto-lhe o pescoço. – Com a navalha mais próxima do meu pescoço.

Vi que Seiji tinha uma bola de futebol pôr baixo do braço, este deixa a cair parando com o pé. 

Mas que raio está ele a fazer, agora não é altura de brincar com a bola.

            - Se vais assistir por mim é indiferente. – Voltado-se para mim.

No instante em que Jiro ia investir-me o golpe, vejo Seiji a chutar o esférico num movimento rápido acertando na nuca de Jiro, este tomba para o lado deixando cair a navalha no chão, chupo-a para longe e Seiji aproxima-se de Jiro.

            - Parece que não vou assistir afinal. – De cocarás olhando para ele com os olhos semicerrados.

Jiro bufa com raiva.

            - Isto não fica assim, ouviram? – Levantando-se, e pegando nas coisas dele para ir-se embora.  

Seiji levanta-se, com um olhar serio para ele, é a primeira vez que o vejo com esse olhar para alguém.

            - Tipos como tu  não me metem medo. 

Jiro nada disse a apenas saiu com passos largos.

            - Parece que acabou. – Sorrindo-se para mim, voltando á sua expressão normal.

            - Mas o que fazes aqui? Eu pensei que tivesses ido embora para casa.

            - Era para ter ido mas depois comecei a pensar já que tenho algum tempo de sobra porque não juntar-me a um clube. – Buscando a bola e a navalha.

            - E juntas-te a equipa de futebol?!

            - Sim esse é o único deporto que adoro praticar, por isso.

Fiquei sem palavras, para a tranquilidade com que falava é como se nada tivesse acontecido.

            - Fico á tua espera lá fora, ok?

            -Ok.

Vesti-me, o mais rápido possível para que Seiji não espera-se muito por mim. Ainda estava perplexo no que se tinha passado aqui.

            - Já podemos ir. – Saindo dos balneários com a mochila de treino.

Saímos os dois da faculdade, como ontem ele ia a frente com as mãos nos bolsos. 

            - Seiji?

            - Sim? – Voltando-se para mim.

O olhar descontraído dele deixava-me muito mais relaxado em relação ao olhar de Jiro. 

            - Obrigado. Por ter-me salvo. – Olhando para chão num tom envergonhado. – Hum...

            - Ora, não foi nada. 

Ele podia muito bem não ter aparecido após de lhe ter respondido mal ontem á noite.

            - Também queria pedir-te desculpa por ter-te respondido mal  ontem á noite. – Olhando para ele.

             - Eu ontem apercebe-me que tinha cometido um erro. – Aproximando-se de mim.- Eu nunca devia ter ido esperar-te sem falar com contigo primeiro. – Rindo-se. – As vezes esqueço-me de que algumas pessoas têm o seu tempo para confiar nos outros. 

Ele tinha razão no que dizia, vai levar algum tempo a confiar nele por completo.

            - De qualquer forma agradeço-te, Seiji.

            - Na boa Taro. – Esfregando-me o cabelo com gentileza, sorrindo-se.

            - Pára com isso estás a despentear-me. – Chutando a sua mão.

            - Eu sou o Seiji Noburo. – Estendo-me a mão sorridente.

È verdade nós nunca chegamos a fazer uma apresentação decente entre nós.

            - Eu sou Taro Yamato. – Apertando sua mão.

Já faz alguns anos que não fazia amizades com pessoas da minha idade. Isso assusta-me um bocadinho, porque poderei não conseguir superar o meu maior receio: ser traído outra vez por alguém que confie, mas só o tempo o dirá. 

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