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C05 - Trap


Mais uma vez o despertador fez o seu trabalho em acordar-me. Levantei mas senti a minha cabeça um pouco pesada e o rosto quente. Fui a passo devagar até á cozinha. Seiji encontrava-se já na mesa a comer estava vestido com uma camisola de manga comprida de cor escura, tinha calças de ganga de cor azul claro, e ténis de cor verde escuro.

            - Bom dia Taro.

A voz dele parecia mais alta que o habitual.

            - Bom dia Seiji, mas será que podias falar um pouco mais baixo. – Sentando-me á mesa com a mão na cabeça.

Sentia-me muito mole, não me apetecia fazer nada.

            - Taro estás bem? – Aproximando-se de mim preocupado.

            - Mais ou menos. 

Seiji põe a mão dele na minha testa.

            - É pá!!! Parece que estás com febre, talvez por causa de ontem.

            - O quê?! Estou com febre?! Não pode ser!!! Eu não posso estar. – Não acreditando.

            - Mas olha que estás, talvez seja melhor ficar aqui contigo--

            - NÃO!!! – Interrompendo-o num tom alto. – Não quero que faltes ás aulas ou ao trabalho por minha causa, eu fico bem apenas tenho que tomar os comprimidos.

            - Como querias teimoso. – Suspirou com tom derrotista. -  Mas promete-me que após tomares os medicamentos vais logo para cama.

            - Sim claro, não te preocupes. – Não dando muita importância ao que dizia.  

            - TARO!!! – Poisando a sua mão na minha cabeça virando-a para ele. – Estou a falar a serio. – Num tom serio.

            - Ok, ok, ok.

            - Olha vou agora para a faculdade, e devo chegar tarde. – Já com a porta da entrada aberta, vestido com um casaco quente de tons claros.

Reparei que olhava-me com preocupação, talvez tivesse sido demasiado orgulhoso quando recusei a sua companhia, mas ao mesmo tempo não queria que falta-se.

Telefonei para loja Isao-san, quem atendeu-me, disse-lhe que estava doente, este diz-me para não preocupar-me pois o principal era agora curar-me.

Após desligar o telefone tomei os medicamentos, sentei-me no sofá haver TV enrolado em um cobertor, o silencio era-me estranho agora, não durou muito tempo para que os medicamentos começarem a fazer efeito, á medida que o tempo passava ficava mais sonolento até que fechei por completo os olhos. O som que TV fazia já não ouvia, apenas era um pequenino barulho de fundo. 

Não sei muito bem quanto tempo tinha passado desde de que adormecera, mas o toque do telefone fez-me acordar do meu sono. 

            - Alô? – Com tom baixo.

            - Taro sou eu o Seiji.

Estranhei a voz dele parecia-me um pouco diferente, mas por causa de estar doente os meus ouvidos não conseguiam distinguir bem a voz.

            - O que se passa?

            - Queria pedir-te se podias passar pela faculdade? 

Mas porque que eu tenho que ir á faculdade se ele pode muito bem vir a casa, sem gastar muito tempo.

            - Mas porque que não vens a casa? – Já um pouco irritado.

            - Não me dá tempo.

            - Ok. – Suspirando desapontado com a resposta dele. – Diz-me o que tenho de levar e aonde encontramo-nos ?

            - É o casaco de treino encontramo-nos no local dos balneários.

            - Ok, até já.

Mas que lata primeiro diz-me para ficar na cama e agora quer que vá apanhar frio, enfim.Fui bem agasalhado para rua, o frio estava mais cortante do que das outras vezes.

A caminho da faculdade comecei a sentir a minha cabeça outra vez pesada, acho que tive uma recaída, não era de admirar. Mas mesmo assim continuei em frente.

Os balneários estavam muito silenciosos, para o meu gosto. Á medida que o tempo ia passando, já não conseguia manter-me em pé, tive de me sentar num dos bancos do balneário, a minha cabeça pesava-me cada vez mais. Mas que raios está a fazer Seiji porque demora tanto... Cada vez mais irritado.

Ouvi passos de alguém aproximar-se. Já era sem tempo.

            - Porque demoras-te tanto Seij.... – Levantando-me. – JIRO?! – Surpreendido.

O que está a passar-se aqui? O que faz Jiro aqui?

            - O que fazes aqui?

Em de seguida entre mais dois rapazes no balneário.  

            - Agarrem-no. – Num tom serio com os braços cruzados. 

Os dois rapazes encostam-me com violência aos cacifos agarrando-me os dois braços, por estar débil o meu corpo ressentiu-se mais.

            - Caíste que nem um patinho. – Rindo-se.

Abaixei o meu rosto ficando a olhar o chão.

            - Ei!!! – Agarrando-me o queixo fazendo-me olhar para ele. – Estou a falar contigo.
Lancei-lhe um olhar irritado.

            - Afinal o que queres de mim? – Num tom serio.

            - Achas mesmo que ia deixar-te sair ileso. – Olhando-me com os olhos semicerrados. – Espero que estejas preparado.

A minha visão começava a ficar desfocada.

            - Se queres tanto assim acabar comigo força. - Um pouco ofegante. 

Apenas queria que isto acaba-se rápido. As minhas pernas já começavam aceder. Reparei que Jiro olhava-me intrigado. Ficava mais ofegante.

            - Soltem-no. – Soltando-me o queixo. 

Os dois rapazes obedeceram, nesse instante as minhas pernas acabaram por cederam completamente, fazendo-me tombar para frente, apenas fechei os olhos á espera de encontra-se o duro e frio chão do balneário, mas em vez disso encontrei algo quente e não tão duro como o chão.

Abri meus olhos vi o rosto de Jiro, bem como os braços deles a envolverem-me. Ao aperceber disso soltei-me logo, agarrando-me aos cacifos.

            - O que pensas que está a fazer? – Irritado.

            - Estás doente. – Num tom firme, pondo a mão no meu rosto.

            - É verdade e tu és o culpado disto todo. – Ofegante.

Porra não consigo estar de pé. Tenho que voltar o quanto antes a casa. Comecei andar agarrando-me a todo que me parecia para não voltar a tombar. 

            - Não podes ir assim para casa. – Diz Jiro agarrando-me o braço.

            - Eu não preciso da tua ajuda, eu posso muito bem ir sozinho. – Soltando-me com alguma brusquidão.

            - Não me deixas alternativa, Taro. – Aproximando-se de mim.

A ultima coisa que vi antes de ficar inconsciente foi a punho de Jiro no meu estômago.
Quando voltei acordar estava deitado em uma das camas da enfermaria da faculdade.
            - Taro!!!

Esta voz.

            - Seiji?! – Com tom baixo. – O que fazes aqui? – Olhando-o meio ensonado.

            - O que faço aqui?! Não é obvio. 

            - Espera!? Faltas-te ao trabalho? – Preocupado.

            - Não e sim, telefonaram-me a dizer que encontravas-te na enfermaria e se podia vir buscar-te. – Sentado na cadeira ao lado.

            - Desculpa-me Seiji. – Tapando o meu rosto de vergonha. – Afinal parece que fizeste sempre faltar ao trabalho.

Seiji pega-me na mão destapado-me o rosto.

            - Não peças desculpa, para dizer a verdade não conseguia-me concentra-me no trabalho até preferi assim. – Sorrindo-se.

A forma gentil de pegar e o calor a da mão dele eram reconfortante.

De repente a doutora da enfermaria entra e vê-nos de mão dada, ela sorriu-se, retirei logo a minha mão da dele um pouco embaraçado.

            - Parece que estás recuperas-te bem, Taro-kun. 

            - Sensei já podemos ir para casa? – Pergunta Seiji.

            - Sim claro, as melhoras Taro-kun. – Indo-se embora.

Vesti o meu casaco grosso que tinha trazido calcei-me, perguntei-lhe aonde estava o casaco que tinha trazido, este respondeu-me que pôs no cacifo.

Caminhava-mos pelas ruas calmamente sem qualquer pressa, foi a primeira vez que reparei mais pormenorizadamente as várias lojas locais.

            - Taro, aqui uma coisa que está intrigar-me... –Voltando-se para mim parando. – Como foste parar á faculdade?

            - Isso é fácil de responder, recebi um telefonema teu. – Explicando-lhe.

            - Um telefonema meu?! – Surpreendido. – Deves estar a fazer confusão, eu nunca faço chamadas para rede fixa.

            - Mas eu tenho a certeza que era a tua voz.......ou parecida.

Lembrei-me de que Jiro apetecera nos balneários, nem atrevi-me a pronunciar o que acontecera nos balneários a Seiji, não queria que tivesse problemas com Jiro.

            - Diz-me tens telemóvel? – Olhando para a montra de uma loja.  

            - Não tenho o dinheiro para isso. – Sincero.

É a pura das verdades, até tenho vergonha de dizer que não tenho um, nós tempos de agora. Seiji pensava.

            - Anda comigo. – Entrando na loja.

Quando reparei bem na loja á nossa frente era nada mais nada menos do que uma loja de telemóveis. Não me digas que ele...

            - Escolhe um. – Apontando para o expositor.

Isto deve ser alguma brincadeira de certeza absoluta.

            - Não achas melhor irmos para casa? – Mudando de assunto.

            - Taro, estou a falar a serio. – Olhando-me nos olhos.

            - Mas Seiji um telemóvel é muito dispendioso e...  – Dando um desculpa qualquer pois não queria que gasta-se dinheiro, alias isso era um problema meu.

            - Taro imagina que por qualquer motivo acontece-te algo mais grave que isto hoje. – Num tom serio. – Eu sou o único que te posso socorrer, não?

Lá nisso Seiji tinha razão, não tinha pensado nisso.

            - Vamos fazer assim eu compro-te o telemóvel á tua escolha e depois dás-me o dinheiro quando poderes, o que te parece?

A proposta dele pareceu-me bem.

            - Ok pode ser. – Voltando-me para o expositor.

Seiji sorrisse. O modelo que escolhi foi um samsung mavel de cor preta, é claro que escolhi um que pudesse financeiramente pagar a Seiji.

Saímos da loja, Seiji é quem levava a compra. Pensando bem este é o meu primeiro presente que alguém me oferece sem ser a minha mãe.

            - Obrigada Seiji.

Apesar de ao principio não ter gostado muito a ideia de ter outra presença em casa, agora começo a gostar da sua companhia, não por ter comprado o telemóvel, mas é pelas vezes que ele preocupou-se comigo.

 Chegamos a casa e sentei-me no sofá enrolando-me nos cobertores.

            - Mas que dia. – Seiji encostando-se para trás no sofá descansado um pouco.

Ele abriu a caixa do telemóvel, introduziu o cartão, e ligou-o. Eu apenas observava-o.

            - Pronto, já tens aqui o meu numero telefone. – Amostrando-me. – Se precisares de mim não hesitares em ligar-me.

            - Ok. – Dando-me o objecto.

            - Olha eu fazer o jantar, e tu ficas no quente dos cobertores a ver TV. – Dirigindo-se, para a cozinha.

Encostei ao sofá, fechando os olhos por alguns minutos, mas o medicamento que tomara na enfermaria começaram a fazer efeito. O som da comida a fazer bem como o som da Tv, agora estavam bastante mais inaudíveis. 
 
Uma dás vezes senti algo a acariciar-me o cabelo o que me fez acordar.

            - Desculpa-me Taro, não queria acordar-te. – Num tom baixo.

            - Hum...

            - Vá anda eu levo-te para quarto. – Pegando-me ao colo com cuidado.

Estava demasiado mole e ensonado para reclamar. A caminho do quarto acabei por adormecer nos braços dele. Senti algo fofo por baixo de mim, antes de entrar no sono profundo, bem como algo quente e suave na minha testa.

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