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C08 - Unexpected


Hoje começa a segunda semana de treinos intensos de kyujutsu, a primeira semana custou um bocado a passar, a pressão começa-se a sentir-se, mas estou confiante de conseguir-mos um bom resultado.

Nestes dias praticamente ou nada tenho falado muito com Seiji, pois chego a casa muito cansado, e a única coisa que quero é a minha cama.

Como sempre na arena de treinos Jiro era o primeiro que já lá estava. Nos balneários os rapazes ainda se preparavam, muitos deles diziam que estava cada vez mais nervosos com o torneio.

Equipei-me, o mais rápido possível para não desperdiçar tempo. Na arena Jiro disparava as flechas muito concentrado, lembrei-me da conversa que tivemos, este torneiro seria muito importante para ele.

            - Por quanto tempo vais ficar ai a olhar-me? – Diz Jiro a olhar-me com pequeno sorriso.

            - Não por muito tempo. – Aproximando-me dele. - O grande dia aproxima-se cada vez mais rápido. – Pegando no arco e flecha.

Fiz o meu primeiro disparo, acertando no meio do alvo. Reparei que Jiro sorriu-se para mim desafiando-me, mas nesse momento os outros colegas e o treinador chegaram.

Durante o treino, fizemos um mini torneio entre nós para ver quem estava melhor, eu e Jiro éramos os melhores, claro, por isso o treinador pediu-nos para ajudar, os colegas com mais dificuldade. Foi basicamente assim todos dias até ao grande dia.

Houve um dia em que Aiko convidou-me para sair, mas tive de recusar pois estava em treinos para o torneio de kyujutsu, ela perguntou-me logo se podia vir assistir eu disse que sim, dei-lhe o nome da minha faculdade. Seiji nesse dia disse-me que também iria ver-me no torneio, avisei-lhe logo que a sua irmã também iria lá estar presente. Nada disse. Deitei-me na cama mas o sono custava a vir pois a ansiedade impedia-me, mas no final acabou por vir passado algumas horas.

Hoje é o grande dia. Tomei o pequeno almoço antes sair, Seiji desejou-me boa sorte para torneio. É verdade que o torneio só começava a partir das 9:30, mas contudo tínhamos de prepara o material para o torneio já que somos nós a receber o adversário. Pelo que tenho ouvido os rapazes da faculdade de artes são conhecidos por serem muito convencidos e um pouco arrogantes. 

            - Então estás pronto para o torneio? – Diz Jiro a entrar pelo balneário.

            - Já sabes que sim. – Continuando-me a equipar.

            - Temos de dar uma abada aqueles tipos. – Sentado-se nos bancos.

            - Sabes se treinador já se decidiu-se, quem vai por a jogar?

            - Não, mas...

Nesse instante o treinador entra nos balneários.

            - Ainda bem que estão os dois aqui. – Aproximando-se de nós – Como sabem não foi uma decisão fácil acreditem mas....- Pausando. – penso que tu, Taro és a melhor escolha.

Reparei que Jiro ficou desapontado com a decisão do treinador.

            - Não fiques assim – Ponde-lhe a mão no ombro. - Jiro, tu também és um bom atleta.

Jiro nada disse, apenas olhava o chão fixamente com o sobrolho franzido. Como custa-me ver assim Jiro.

            - Treinador. – Intervir.

            - Sim Taro? – Olhando para mim.

            - Deixe ir o Jiro no meu lugar. 

Jiro e o treinador olharam-me espantados.

            - Jiro sempre ficou a treinar arduamente após os treinos e penso que é a vez dele de amostrar o que vale a eles. – Confiante.

            - Ok, se queres assim, por mim estás á vontade. 

            - Obrigada treinador. 

Este fui-se embora.

            - Taro, tens a certeza? 

            - Sim, a cem porcento. – Sorrindo-lhe. 

Num movimento rápido Jiro abraça-me com força. Foi um pouco estranho, mas compreendi.  

            - Desculpem, estou a interromper algo?! – Diz uma voz feminina.

Olhei para a porta do balneário. 

            - AIKO-CHAN!!!!!????? – Surpreendido.

Trazia vestido uma camisola de gola alta de cor amarela, com uma saia curta de cor vermelho escuro com umas pequenas botas até ao tornozelo de cor castanho escuro. 

            - Quem é? – Diz Jiro olhando-a sem muito interesse.

Lembrei-me logo que ainda estava nos braços de Jiro, por isso afastei-o logo, sentando-o no banco.

            - Aiko-chan?! O que fazes por aqui? – Um pouco embaraçado.
 
            - Nada de mais, apenas estou perdida. – Olhando-nos desconfiada. – É teu amigo? – Olhando-o com um sorriso nos lábios.

            - Sim. – Buscando a garrafa d’agua. 

            - Olá eu Aiko, prazer em conhecer-te. – Estendo-lhe a mão.

            - Eu sou Jiro. – Apertando-lhe a mão.

Comecei a beber vários golos de água, só espero que Aiko não pense outras coisa por causa daquele a abraço.

            - Diz-me Jiro-san és namorado do Taro-kun? 

Nesse momento cuspo toda agua que tinha na boca, por causa da pergunta dela.

            - Aiko-chan?!!? Que estás para ai dizer? Nós somos só amigos!!!!! – Todo vermelho que nem um tomate.

            - Amigos? Aquele abraço não fez-me ver isso. – Desconfiada.

            - Mas é verdade. – Começando a ficar irritado.

Jiro começou-se a rir bem alto de nós.   

            - Jiro?! – Disse.

            - Só mesmo vocês para fazerem rir a está hora da manhã. – Limpando os cantos dos olhos. – Aiko-chan fica descansa eu e o Taro somos só amigos. 

            - Se tu o dizes acredito. – Sorrindo-se para ele.

            - Taro é melhor levares já a Aiko-chan para as bancadas senão não terá lugar de jeito para ver o torneio.

            - Tens razão. Vamos Aiko-chan?

            - Sim. 

Aiko ficou surpreendida pela a faculdade ser enorme, mais parecia um labirinto disse ela. Nas bancadas vi Seiji a falar com uns colegas de turma tinha vestido o casaco de cabedal, usava também uns jeans pretos com umas botas escuras.

Aiko sentou-se na ponta da primeira fila sem olhar para o irmão.

            - Aiko-chan, não seria melhor ir falar com Seiji? – Incentivando-a.

            - Nem pensar, se ele quiser falar comigo que venha ele. – Sendo um pouco orgulhosa.

            - Ok, tu é que sabes. – Indo-me embora.

Jiro já estava pronto, bem como os nossos colegas, nós vimos os nossos adversários a olharem-nos com algum desprezo.

            - Como odeio o olhar deles. – Murmurou Jiro a mim um pouco irritado.  

            - Não ligue para eles, Jiro. – Acalmando-o. – Subestimarem-nos vai ser o seu pior erro. 

            - Lá nisso tens razão.

Entramos na arena, bem como o nosso adversário, todos da nossa faculdade aplaudiram-nos.

Os primeiros disparos foram todos excelentes por parte de cada equipa, todos nós estávamos tão concentrados que ao menor barulho podia-nos custar um ponto. Cada vez que acertava-mos no alvo todo a gente aplaudia-nos, o nosso adversário ficou bastante espantado com a nossa técnica e destreza.

Jiro foi quem teve toda a acção, não me importei muito com isso de verdade, admito que ao principio não gostava muito dele, se não tivéssemos tido aquela conversa não teria cedido o meu lugar a ele.

No final fomos nós a faculdade de desporto quem ganhou, nas bancas toda a gente felicitou-nos de braços abertos. O treinador da equipa adversaria tambem felicitou-nos bem como o nosso treinador. Nos balneários nós todos fazíamos a festa.

            - Jiro, arrasas-te  com eles. – Disseram todos na balneário orgulhoso.

Jiro riu-se. 

            - Taro obrigada. – Olhando para mim.

Nada disse apenas sorri-lhe.

            - Temos de comemorar, esta vitória. – Diz Jiro.

            - Boa ideia. Então podemos comemorar em minha casa, o que achas? 

            - Sim.

            - Ah....,mas há um problema, Jiro! – Lembrando-me.

            - Qual?

            - Seiji.

            - Hum... – Diz Jiro pensativo.

            - Vou falar com ele, espera aqui.

Eu sabia que os dois não tinham começado da melhor forma, mas era o meu dever ir falar com ele. Não tive demorar muito para o procurar pois estava com a irmã, pareciam conversar amistosamente um com o outro.

            - Seiji! Aiko-chan!

            - Taro! – Disseram os dois.

            - Que torneio emociona-te vibrei muito. – Diz Aiko super contente.

            - Obrigada. – Agradecendo-lhe.

            - A onde vamos comemorar? – Diz ela.

            - Pois...em relação a isso, estava a pensar ser em casa. – Olhando para Seiji. – Jiro também vai e...

            - Por mim é na boa, Taro.

Como fiquei contente com a resposta madura de Seiji.

            - Ok, então compramos as bebidas e alguns aperitivos no supermercado?

            - Sim. – Diz Aiko dando um salto de felicidade.

Regressei aos banheiros, Jiro já estava pronto para ir-se embora, só faltava eu. 

            - Então o disse Seiji? – Pergunta Jiro curioso.

            - Na boa. – Trocando-me á pressa.

            - Ainda bem. Eu compreenderia se ele não estive-se de acordo.

            - Vamos? Já estou pronto. – Pondo a mochila ás costas.

            - Mas ele não é má pessoa. – Dando um ligeiro sorriso.

A caminho do supermercado eu e Aiko vinha-mos á frente a conversar, quando Seiji e Jiro vinham atrás calados. Na loja compramos um pack de dez latas de cerveja com vários aperitivos. Em casa cada um de nós começou a falar do torneio e bebendo ao mesmo tempo. A minha voz e da Aiko foram a que se ouviam mais em casa. A medida que o tempo passava o meu numero de latas de cerveja aumentava bem como as de Aiko.

            - Taro, não achas que já bebes-te o suficiente? – Diz Jiro tirando-me a lata.

            - O digo o mesmo a ti Aiko? – Diz Seiji.

            - Nem pensar . – Dando um soluço. – ainda agora começamos. – Retirando-lhe a lata dando um golo.

            - Taro-kun tem razão. – Diz Aiko rindo-se descontroladamente.

            - Bem talvez seja melhor acabamos por aqui a festa. – Diz Seiji com os braços cruzados suspirando. – Olhando só as figuras tristes que estão a fazer. – Olhando para Jiro.

            - Sim tens razão. Eu posso levar Aiko a casa se quiseres.

Nesse instante Aiko abraça a Jiro inesperadamente. 

            - Ela é sempre a mesma coisa quando fica bêbada. – Diz Seiji tirando-a de cima dele.

            - Deixa-me ir só buscar o carro. – Levantando-se. – Venho já.

            - Ok.

Vi Seiji a escrever num pedaço de papel. Nesse momento Aiko desafiou-me para cantar e assim fiz, começamos a cantar como dois malucos. Momentos depois ouço um motor de carro, Seiji abre a porta.

            - Agora deu-lhes para cantoria? – Diz Jiro rindo-se.

            - Parece que sim. –  Olhando para nós. 

Seiji diz a Aiko que está na hora de se ir embora. Ela começou fazer uma birra de todo o tamanho, mas acabou por ir. Eu continuava a beber cerveja.

            - Taro já chega de beber!!! – Retirando a lata da mão.

            - Não!!!!!! Deixa-me acaba-la, é um desperdício deitar fora. – Querendo agarra-la.

            - Nem penses. 

Levanto-me um pouco atordoado e, cabaliando até Seiji.

            - Vá lá dá-me a lata.

            - Já disse que não.

Nesse momento tropeço nas minhas pernas caindo sobre o colo dele que estava sentado no sofá, a lata que agarrava agora estava toda espalhada pelo chão da sala.

            - Taro estás bem? – Agarrando-me.

            - Sim. – Dando um soluço.

Seiji a levanta-se para deita-me no sofá, olhando-me com os olhos semicerrados sentia a mão dele acariciar-me o rosto.    
 
            - Seiji porque olhas-me assim? – Meio confuso.

Nesse instante Seiji põe-se de joelhos ao meu lado, passando o polegar nos meus lábios com gentileza, lentamente aproximava-se do meu rosto até que os seus lábios quentes envolvem os meus a profundando o beijo, deixei-me levar por breves momento, mas o rosto de Yuzo-senpai veio á cabeça.

            - NÃO!!!! – Empurrando-o bruscamente e encolhendo-me apavorado.

Os meus olhos ficaram húmidos.

            - Taro!!!??? – Espantado com a minha reacção.

            - Eu não quero ser mais traído. Eu não quero sentir mais esse sentimento. –
Sentando-me no sofá tapando o rosto com a minha mão. 

            - Taro...

            - Como fui tão estúpido, em cair nas falinhas mansas dele. – Sorrindo-me. – Naquela altura tinha entregado-me por completo a ele, mas no final todo não passava de uma estúpida aposta. – Dando uma gargalhada amarga.

Seiji nada disse.

As lágrimas escorram-me outra vez pelo rosto.

            - Como sou tão idiota e inútil. – Escondendo o meu rosto com as mãos.

            - Taro – Ficando de cócoras. – não digas isso. – Movendo as minhas mãos do rosto.- Sabes bem que isso não é verdade. - Limpando-me os olhos. 

            - O que queres dizer? – Olhando para ele.

            - Sabes, - Sorrindo-se para mim. – eu não me arrependo-me de todo ter conhecido, és uma pessoa que se preocupa com os outros, apesar de as vezes não amostrares directamente e seres ás vezes um pouco teimoso e orgulho....

Dei-lhe um ligeiro sorriso.

            - Assim é melhor. Agora começo a compreendo porque evitavas-me ao longo destas semanas. – Esfregando-me a cabeça.

            - Estou a ficar com sono. – Esfregando os meus olhos.

            - Como consegues ser tão fofo. – Levantando-se.

Os meus olhos começaram a ficar pesados, por isso encostei-me para trás no sofá.

            - Seiji, achas que poderias vir comigo, a Sapporo visitar a minha mãe? – Antes de fechar os olhos.
 
            - Porquê? – Intrigado.

            - Não sei explicar bem mas a tua presença por algum motivo transmite-me segurança. – Já com os olhos fechados. 

Senti Seiji abraçar-me com delicadeza. 

            - Hum.... – Em murmuro.

            - É muito provável que amanhã não te lembres desta conversa, mas não faz mal. Estou feliz por estar contigo. – Sussurrando-me ao ouvido.

Todo o que ouvi antes de desligar por completo foi telefone a tocar, ouvi Seiji a murmurar algo, que não percebe o que era. Apenas afundava-me mais no meu sono.

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